terça-feira, 5 de abril de 2011

Novela do SBT causa polêmica antes da estreia

A novela “Amor e Revolução”, de Tiago Santiago, que estreia nesta terça-feira (5) no SBT, vai retratar – com direito a fortes cenas de tortura – os anos de ditadura militar no País. O assunto, sempre polêmico, já está dando o que falar.


Graziela Schimitt vai protagonizar a novela

Mais de 70 depoimentos de pessoas que se dizem vítimas da repressão foram colhidos para serem exibidos ao término dos capítulos. Em entrevista ao programa de Marília Gabriela, no domingo (3), Santiago afirmou que só conseguiu um depoimento do “outro lado”, o de Jarbas Passarinho, militar reformado (ex-ministro do Trabalho e da Educação, nos governos Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici).

Aos 74 anos, Maria Joseíta Ustra, mulher e secretária do coronel reformado do exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi entre setembro de 1970 e janeiro de 1974, foi procurada pela produção da novela, para dar seu depoimento. Em conversa com a reportagem do iG, ela explica por que se negou a gravar.

“Nós fomos procurados no dia 18 de março. Hoje é dia 4 de abril. Passaram-se 17 dias. A produção nos procurou quando já tinha 70 depoimentos, sendo que só um favorável aos militares. Pode-se resumir assim: faltando 18 dias para a estreia, ela veio me procurar sem ter depoimento algum? Então ela não teve intenção de ter 70 depoimentos a favor e 70 contra”, afirma.

Casada há 52 anos com o coronel que chegou a ser processado (e depois inocentado), acusado de comandar sessões de tortura em presos políticos, Maria Joseíta é professora primária aposentada. Sua atuação atual é manter um site com o mesmo nome do livro que seu marido lançou no ano passado, “A Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça” (ed. SER). Maria Joseíta conta que preferiu sugerir outros nomes para dar depoimentos favoráveis ao período militar.


Claudio Lins será um militar em “Amor e Revolução”

Um dos nomes é o do coronel da reserva Ronaldo Brito, diretor da ONG Terrorismo Nunca Mais, que se auto-declara um “contrarrevolucionário”. “A nossa ideia, os nossos depoimentos, é que sejam calcados em episódios históricos que não possam ser refutados. Sabemos que não há qualquer possibilidade da novela ser a favor dos contrarrevolucionários. É politicamente correto não enaltecer qualquer coisa neste tipo. Não gostamos dessa posição, mas temos que aceitar”, diz o coronel.

“Curto-circuito”

Perguntada por que seu marido, que chefiou o DOI-Codi no auge da ditadura militar, não daria o depoimento à novela, Maria Joseíta é categórica. “Meu marido não dá entrevista justamente por isso que acontece no momento, este curto-circuito no que acontece e no que dizem que aconteceu”, diz ela.

Apesar disso, quando a novela estrear, às 22h15 desta terça-feira, ela estará em frente à televisão. “Pretendo ver para rebater o que acho que é mentira. Acho não, porque eu tenho fontes. Se for mentiras, segundo essas minhas fontes, pretendo rebater no meu site”, diz.

Se vai assistir ao lado do seu marido, Maria Joseíta despista. “Preferimos programas políticos”, conta. Antes de desligar, ainda dá um parecer sobre o que chama de maior legado do golpe de 64 – que ela chama de “revolução de 64”. “Aposto que você vai morrer de rir quando eu disser qual foi o legado. Mas eu morro dizendo isso. Foi a liberdade e a democracia…”.

Essas informações são do Portal IG, da coluna gente

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