segunda-feira, 2 de maio de 2011

O brasileiro não gosta de dinossauros... nem de robôs


“Morde e Assopra” traz consigo um dos defeitos mais repudiáveis de que se tem notícia: o fato de tratar de ficção. Mas a ficção da novela de Walcyr Carrasco é uma afronta ao bom senso do ser humano. O desastre estava anunciado logo na primeira cena, quando o personagem de Matheus Solano se apresenta como “engenheiro de robôs” e conversa com Julia, interpretada por Adriana Esteves, que, por coincidência, trabalha com dinossauros.
Nesse momento o autor mostrou que quis mexer com a imaginação do público, retratar o passado com uma previsão do futuro, mas pecou porque se esqueceu de que o mundo quer saber do presente, do hoje, do agora. Informação é a palavra chave e “Morde e Assopra” não possui nada a acrescentar de cultural. Alem de que os atores forçaram de mais na hora de fazer o sotaque interiorano.
Poderia citar o ótimo elenco como ponto positivo, mas ter um elenco de peso é obrigação da Globo e esta cumpri muito bem sempre. Em compensação a história, em si, não oferece muito risco ao escritor, já que se trata de uma mocinha que se apaixona por um bruta montes, mas eles brigam e assim se forma a drama maior. Por falar em drama, “Morde e Assopra” impressionou pelos poucos núcleos secundários e histórias escassas, sendo essa uma característica do autor.
No Ibope a novela não correspondeu e ficou muito longe de segurar a boa audiência da sua antecessora, “Tititi”. O folhetim fechou as quatro primeiras semanas (21/03/11 a 15/04/11) com 25,9 de média, o equivalente a 44,7% do público. Já “Tempos Modernos” atingiu 22,8 de média em seus 24 primeiros capítulos. Só para termos de comparação, entre os dias 19/07 e 14/08/10, o remake assinado por Maria Adelaide Amaral, marcou 28,6 de média, o equivalente 47,1% do público do horário. “Caras e Bocas” ocupou a segunda colocação com 27,2 de média (44,6%) de share.
Já se fala nos bastidores da Globo que Walcyr diminuirá a atenção para o núcleo de robôs, comentários estes que o autor faz questão de desmentir. Ainda dá tempo pra arrumar a novela e focar em outros assuntos, mais convenientes pro horário, mas o fato mesmo é que “Morde e Assopra”, assim como “Tempos Modernos”, sua precursora, não envolveu o telespectador com sua temática da inteligência artificial.

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