sexta-feira, 13 de maio de 2011

Record News: muita embalagem e pouco chiclete


Não é difícil perder, mas assumir a derrota não é uma tarefa das mais fáceis. Já diria o poeta que errar é humano, normal, natural, necessário. Mas insistir no erro alimentando a esperança de acertar deixa até de ser burrice e passa a ser desumano, irracional e, principalmente, perigoso.
No dia 27 de setembro de 1953 entrou no ar a Rede Record, emissora que mais tarde ocuparia o lugar de prestigio no cenário nacional, a segunda colocação no ranking de emissoras mais vistas. Na mesma data, 54 anos depois, surge sua cria, aquele que prometeu ser o canal de notícias 24hrs por dia, o único da televisão aberta brasileira. Alguns anos mais tarde esse mesmo canal teria tanta programação religiosa e de televendas quanto programação de notícias.
A estreia do canal de notícias deflagrou uma operação de guerra por parte de executivos da Globo, que consideraram a nova emissora ilegal. Tudo por que, segundo a lei, uma mesma pessoa não pode ser dona de dois canais abertos. Categoricamente, a Rede Record negou ser dona da Record News e disse apenas fornecer material pra mesma. Caso semelhante –e jamais questionado pela Globo– ocorre entre Band e Play TV (ex-canal 21), cujo fornecimento de conteúdo provém da Gamecorp, empresa de um dos filhos do ex-presidente da República. O ministro Hélio Costa declarou ainda ao presidente da Record, Alexandre Raposo, que, ao contrário do que foi “espalhado”, ele incentivou “o presidente Lula a comparecer à estréia da Record News”, e que, como ministro, não tem “nenhuma relação com a Globo”. E eu nem vou tocar no assunto de que o Helio Costa já foi correspondente dessa mesma Rede Globo…
A promessa de transformar o canal numa grande rede de notícias, que repercutisse entre especialistas eestudiosos de todas as áreas, virou dívida. E mais nada alem disso. O problema é que a “Record News” continua escondida em São Paulo nos números altos da TV por assinatura e numa frequência baixa do UHF que dificilmente é sintonizada em nossas casas. Falta à “Record News” projeção, uma grade bem amarrada, uma ação de marketing aliada à Record,  eliminação de “televendas” e programas que possam fazer o “esquenta” entre os telejornais. Equipe tem e são muitos os bons profissionais que atuam à frente das câmeras e nos bastidores, mas que encontram as resistências naturais deste projeto.
Enfim, depois de exatos quatro anos e meio, Edir Macedo dá o ultimato à toda equipe: ou a audiência melhora, ou o canal sai do ar. E olhe que não estou nem pautando em audiência, pois o canal é mais visto que a Globo News (que só está disponível para 4% da população). Ainda assim, a margem de diferença é mínima.
Uma coisa é fato: a Record está perdendo o combate. Mas o jogo ainda está rolando e tudo é possível, nesse caso. Mas, obviamente, nada cai do céu.

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