sexta-feira, 29 de abril de 2011

"Ribeirão do Tempo" deixará saudades

‘Ribeirão do Tempo’ não foi uma das maiores estreias da Record no campo da dramatização nem chegou perto disso. O experiente autor fez uma mistura que não deu muito certo e, consequentemente, não chamou atenção de quem estava em casa. Foram cenas de ação, assassinatos, conspirações, amores que não foram correspondidos, aventuras e uma comédia sem tanta graça. Todas essas características estiveram presentes nas novelas da década de 80, o que fez com que parecesse que 'Ribeirão' estava perdida no espaço de tempo.

Marcílio Moraes, autor das memoráveis “Essas Mulheres” e “Vidas Opostas”, se embaralhou todo com o texto e bagunçou a cabeça de quem acompanhou a novela durante quase um ano. Mas, no geral, a trama foi agradável de assistir, principalmente por que nela estavam atores consagrados e que pesaram na hora do balanço final. Foram belas atuações e memoráveis papéis. Além disso, mais importante de como começou ou de como terminará, o que embelezou 'Ribeirão' foi a evolução que se observou ao longo da novela.

Bianca Rinaldi deu fim na Arminda robô que foi apresentada no início do folhetim e tornou a personagem mais humana. Elegante e deslumbrante, Rinaldi mostrou o porquê de ser uma das melhores atrizes da TV brasileira na atualidade e conquistou o público feminino que acompanhou ‘Ribeirão’. Como já era esperado, Juliana Baroni arrasou com a perua e arrogante Karina, dando toques de humor na história e ajudando a prender cada vez mais os telespectadores. Outro ator que deu brilho a trama foi Caio Junqueira, inclusive ganhando de premio o notável interesse da Rede Globo em seu trabalho. Além disso, saíram-se bem Antônio Grassi, Eduardo Lago e Jacqueline Laurence.

A questão do tempo de duração extra, que a novela ganhou de presente da Record (um presente de grego, aliás), e a constante troca de horário, não deveria ser pautada aqui, pois já virou uma novela a parte a emissora tentar estragar o brilho de seus folhetins esticando-os até não poder mais. Mas até isso ‘Ribeirão’ superou. A trama cresceu e ganhou maturidade durante o longo tempo de exibição e se tornou estável por si só, sem depender da emissora.

Na parte técnica a Record esteve impecável, figurinos e cidade cenográfica dignos das maiores produções da TV nacional. Um texto riquíssimo, como já é de praxe do autor, que não precisou abusar de sexo, drogas e traições para ganhar a confiança do povo.

Apesar de deixar um ar de “quero mais” e enfrentar todas as dificuldades no seu caminho, ‘Ribeirão do Tempo’ esteve dentro das expectativas, com bons atores, boa equipe de apoio e uma história que chamou atenção pela sua leveza. Se colocarmos os pontos negativos e positivos da novela numa balança de medição, veremos que “Ribeirão” deixará saudades.

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